VISITANTES

TOTAL DE VISITANTES

Translate

Quem é Ton MarMel?

Minha foto
Brasília, DF, Brazil
Bem vind@ a página de anTONio MARtins MELo (TON MARMEL), Advogado pós-graduado em Direito Público, Artista Visual, Arquiteto da própria vida, que tem a missão de oferecer serviços jurídicos experientes, consultoria, defesa, acompanhamento processual com conhecimento de excelência, criatividade, segurança e eficiência.
DESTAQUE: DIREITO AUTORAL - AUTENTICIDADE DE OBRAS - Análise e sugestões ao legislador. (Para ler basta clicar neste link http://antoniomartinsmelo-advogado.blogspot.com/2011/05/direito-autoral-autenticidade-de-obras.html

PESQUISAR NESTE SITE? DIGITE A PALAVRA PRINCIPAL OU ASSUNTO E TECLE ENTER.

sexta-feira, 7 de junho de 2019

A JUSTIÇA A SERVIÇO DO CRIME


Fora da Democracia não há salvação.

Essa verdade precisa ser dita e redita, sobretudo nos momentos de crise política como o atual, para que ninguém se iluda diante dos que pregam a confusão.

A Justiça a Serviço do Crime (Ton MarMel #marmel #tonmarmel)

Para Nitti, trata-se do governo em que “todos os cidadãos, sem distinção de nascimento de riqueza, têm por lei os mesmos direitos civis e políticos”.

Pontes de Miranda é também incisivo. “Democracia é participação do povo na ordem estatal: na escolha dos chefes, na escolha dos legisladores, na escolha direta ou indireta dos outros encarregados do poder público.”

Finalmente, podemos citar a mais popularizada – a de Lincoln – segundo a qual é o governo do povo, pelo povo e para o povo.

Sendo democrática, a Constituição Federal dispõe, no seu artigo primeiro que TODO PODER EMANA DO POVO E EM SEU NOME SERÁ EXERCIDO.

A Democracia tira sua vida da vontade popular, desdobrada em duas opiniões: a maioria e a minoria. Como o verso e o anverso de uma só moeda. Uma opinião que vence, uma opinião que é vencida. Uma situação e uma oposição, tão intimamente ligadas, que será impossível a separação uma da outra sem que se mutile a vontade livre e soberana do povo, estiolando-se a fonte de legitimidade do poder.

Daí, no seu famoso discurso que precedeu o de Lincoln, e que também foi proferido num cemitério, haver dito Péricles – segundo depoimento de e Tulcídides – diante das tumbas dos soldados mortos na guerra do Peloponeso, referindo-se à Constituição de sua pátria, que sendo o que ela se propõe o interesse do maior número, e não o de alguns, o seu nome é Democracia.”

Não há discrepâncias.

Fazendo uma síntese feliz, Sampaio Dória assinala que ”a realidade sobre as formas de governo, no que tem de profundo, não mudou com ao passagem dos séculos. Ainda hoje, os homens que dispõem de poder, ou o receberam da nação, em cujo o nome o exercem, ou dele se investiram, impondo-se pela força aos mais fracos. É o que se colhe da observação dos fatos em toda parte, em todos os tempos. Aqui, a vontade que ordena é representada; ali, é originária. Ou vontade delegada, ou vontade própria. Ou consentimento dos governados na investidura e no exercício do poder, ou sujeição absoluta dos governados à vontade dos que dispuseram da força. Da primeira categoria são os estados democráticos; da segunda,os não democráticos.”

Muitas são as peãs essenciais ao funcionamento da máquina democrática. Entretanto, dada a brevidade desta notas, não nos interessam senão as duas que indiscutivelmente são as principais: a igualdade e a liberdade.

Se DEMOCRACIA é o PROCESSO através do qual é apurada a vontade do povo, a igualdade e a liberdade são CONDIÇÕES sem as quais ela não pode atingir os seus fins.

Em outras palavras, podemos dizer que a Democracia é a cúpula, enquanto a igualdade e a liberdade são os pilares que a sustentam.

A Constituição Federal dispõe que TODOS SÃO IGUAIS PERANTE A LEI.

Corolário desse dispositivo são outros postulados, como OS CARGOS PÚBLICOS SÃO ACESSÍVEIS A TODOS OS CIDADÃOS; TODOS PODEM REUNIR-SE, SEM ARMAS; A TODOS É LÍCITO PRATICAR TUDO QUANTO NÃO SEJA PROIBICO...

Quanto à liberdade, numerosos são os dispositivos que a Magna Carta enumera: liberdade de pensamento, liberdade de imprensa, liberdade de consciência e de crença, liberdade de reunião,, liberdade de defesa, liberdade de associação, liberdade no exercício de profissão, liberdade de representação, etc.  A mais importante delas diz respeito ao JUS SUFRAGI, pelo qual tem o povo o direito de escolher seus representantes. Na democracia brasileira a INDICAÇÃO DOS CANDIDATOS se faz por intermédio dos PARTIDOS POLÍTICOS. Estes, porém – E AQUI COMEÇA O DESVIRTUAMENTO DO REGIME – não são devidamente estruturados. Em “A REVOLUÇÃO LEGAL”, trabalho cuja atualidade é evidente, apesar de divulgado em 1924, escreveu Sampaio Dória que “A SOBERANIA SE DESLOCOU DA NAÇÃO PARA OS SINDICATOS POLÍTICOS. A Nação é soberana, MAS NÃO DECIDE. O povo é livre, MAS VIVE DEBAIXO DE GOVERNOS QUE NÃO ESCOLHE”.

E explica: “O só caminho por onde, hoje em dia, pode um moço no Brasil, entrar na política, é o afilhadismo e o engrossamento. Nunca, o valor. Nunca, a independência. Mas, sempre a valia. Sempre, o amém.” Atente-se bem para a profundidade da observação: nenhum moço entra na política sem curvar a espinha diante dos senhores dos partidos, e, de mãos postas, sem lhes dizer amém.

É preciso, pois, que se retorne às fontes do regime na sua primitiva pureza, para que se acabe a demagogia infrene que por aí campeia, e que vai arrastando o País praticamente ao desespero e à convulsão.

É necessário que o procedimento nefasto dos que, dizendo que são democratas, nada mais fazem senão enganar o eleitorado, seja definitivamente eliminado.

Não é de hoje que certos políticos falsificam a vontade do povo. Rui Barbosa, quando de “UMA CAMPANHA POLÍTICA”, teve ensejo de descrever o ambiente vigente por ocasião do movimento civilista: “A MÁQUINA ELEITORAL, EMBORA FICTÍCIA, ESTÁ MONTADA SEM FALTA DE UMA SÓ PEÇA, PARA EVITAR QUE NOS APROXIMEMOS DELA E CONSIGAMOS QUEBRAR O RÍTIMO DA GRAUDE, HÁ A POLÍCIA E A JAGUNÇAÇDA, QUE MARCAM COM OS SBRES OS PUNHAIS E OS BACAMARTES, LIMITES À SOBERANIA POPULAR.”

A situação não mudou com o advento da Justiça Eleitoral. Através dos partidos, regra geral sem programas, ou tão só com programa simplista de alcançar o poder, sem ideais e sem ligação com os votantes, os demagogos têm nas mãos os fios farão dançar as marionetes no palco do Parlamento Nacional.

Pode-se compreender a gravidade da situação que se criou tendo-se em conta a observação do grande democrata Francesco Nitti quando afiançou que “DIZER DE UM HUMEM CIVILIZADO QUE ELE NÃO PERTENCE A NENHUM PARTIDO, É TAMBÉM DIZER QUEL ELE NÃO TEM NENHUMA IDEIA.” E que será então de uma Nação cujos partidos não representam idéias?

Muitas das grandes queixas que tem o País, em conseqüência da ação de maus brasileiros, encontram suas raízes na defeituosa conceituação dos partidos, em conseqüência da qual são escolhidos, como candidatos, indivíduos desprovidos das necessárias condições para o exercício do mandato popular. Homens corruptos, alguns condenados pela Justiça, outros pela opinião pública como responsáveis por um regime de escândalos na administração pública, são guindados a posições de comando como se em razão de seu passado, ainda pudessem ser considerados “líderes. Não obstante, prometendo recompensas a seus comparsas, inculcam-se candidatos a postos eletivos e orientam a escolha de seus companheiros de chapa através de convenções adrede preparadas, que são a grande vergonha de nossa Democracia.

Rui fulmina o sistema de escolha: “AÍ ESTÁ, SENHORES, O QUE TEM SIDO, NO BRASIL AS CONVENÇÕES ELEITORAIS: NÃO CONVENÇÕES NO SENTIDO JUSTO E DEMOCRÁTICO DE ASSEMBLEIAS OU CORTES POPULARES, ONDE OS CIDADÃOS CONVÊM E CONCORREM UNS COM OUTROS, PARA DELIBERAR LIVREMENTE SOBRE A ESOLHA DE SEUS PROCURADORES, MAS NA BAIXA ACEPÇÃO DE CONVENTÍCULOS, ONDE SE AJUSTA E CONTRATA SOBRE A COLAÇÃO DO MANDATO DE ELEITOS DO POVO AOS CABEÇAS OU MERCENÁRIOS DOS CORRILHOS OFICIAIS.”

Esse,pois, é o grande mal do Brasil O defeito que produz essa distorção que tanto nos atormenta e nos faz sofrer.

Não há alternativa, não há opção.

Ninguém livrará o país do caos, se não considerar esta verdade: FORA DA DEMOCRACIA NÃO HÁ SALVAÇÃO.

Aos Democratas, pois, agora que, mais do que nunca, deles o Brasil precisa, dedico este Livro.

São Paulo, janeiro de 1964.

ARRUDA CAMPOS

-----------------------------------------------------------

Este livro foi lançado, e depois relançado, por um conceituada editora especializada na divulgação de obras jurídicas.

COMPUS ESTE TRABALHO, aproximadamente, EM QUATRO DIAS E DOZE HORAS. Isso sucedeu em Jaboticabal, na Semana Santa de 1954, quando ali Servia na minha condição de Juiz de Direito.

Uma injustiça da rotina judiciária – dois chefes de família repentinamente condenados na segunda instância AA reclusão por um delito sexual, cometido ao tempo de solteiros, quatro antes  – despertou-me o ímpeto de escrevê-lo. A vontade de progredir na carreira, porém, sufocou-me o benfazejo impulso. Por isso, ao terminá-lo, guardei comigo os originais.

Cinco anos depois, outra injusta condenação convenceu-me a entregar o livro ao Editor. A necessidade de pugnar pela Justiça, fazendo-a rever suas falhas, sufocou em mim o desejo de progredir na carreira. E integrou-me ainda mais dentro dela – para amá-la, e amando-as, defendê-la da ação dos que apenas a suportam, ou usam-na em benefício de seus próprios interesses.

Ao publicá-lo, nele não fiz a derradeira revisão, nem sequer mostrei-o a quem deveria prefaciá-lo. Um mal entendido privou-me, na ocasião, não só da apresentação, como da oportunidade de cortar expressões mais candentes e bem assim de fazer no meu texto os acréscimos que agora saem nesta segunda tiragem, e saem sem qualquer alteração, tanto mai que não talhei carapuças para ninguém.

Em um mês a edição chegou ao fim. Mostra o pormenor que no livro se contém efetivamente uma mensagem. Um brado de advertência que somente os surdos não ouvem e os presunçõsos não o entendem. um grito angustiado de alarme, para que haja uma mudança de rumo (o judiciário não se conFUNDA COM seus juízes) antes que, descrente DOS ÓRGÃOS QUE MANTÉM PARA QUE O SIRVA, O POVO FAÇA JUSTIÇA POR SUAS PRÓPRIAS MÃOS.

Se foi um bem, se foi um maL - não sei. Sei apenas que o livro já não me pertence. Vai seguir também a sua carreira. Como aquelas coisas, porventura inanimadas, Mas que valem por uma palavra de ternura ou um gesto de amor, visando a suavizar o sofrimento alheio. E que, por isso, são generosamente acolhidas por todos aqueles cuja alma resistiu – e não secou.

São Paulo, março de 1960.

Arruda Campos. Magistrado.
(A Justiça a Serviço do Crime. Editora FULGOR Ltda. São Paulo, SP. 1964)
-----------------------------------------
“O combate é de todas as coisas pai, de todas rei, e uns ele revelou deuses, outros, homens; de uns fez escravos, de outros, homens livres.” (Heráclito de Éfeso)