Geralmente
quando um assunto desperta o interesse de muitas pessoas, podem crer, dentre as
possibilidades, há principalmente dinheiro envolvido, há interesse financeiro
no meio. E nessa temática não se foge desse interesse uma vez que a
certificação de autenticidade e
originalidade de obras, pinturas, esculturas, projetos, músicas, livros,
fórmulas, inventos, frutos da criação intelectual MOVIMENTAM VALORES
BILIONÁRIOS no mundo todo e são inclusive transferíveis até por herança. Basta
ver a grande quantidade de disputas judiciais que correm nos tribunais quando
falece um músico famoso, um arquiteto, um escritor, um cientista, um artista de
certa projeção. E não basta que uma pessoa haja falecido para que disputas
judiciais por autorias de projetos, criações, marcas, fórmulas, textos,
inventos, patentes sejam alvo de processos judiciais pois desde que o mundo é
mundo sempre existiram os espertalhões que buscam projeção, dinheiro fácil às
custas do suor alheio. Então, o desejo de combater essa fraude específica - que
todos nós corremos o risco de sermos vítimas - foi o que motivou a refletir
sobre esse assunto, e, se possível, propor ao final alguma alternativa
prática, algum método que auxilie na luta contra essas fraudes.
Diagrama explicativo sobre o que é arte original, arte autêntica e arte derivada idealizado por Ton MarMel. |
A abordagem do tema é feita pelo aspecto da autoria material, para efeitos de
revindicação (petição jurídica processual) de direitos morais, direitos
patrimoniais e direitos conexos, e não adentra questões estéticas relativas a
nenhum tipo de obra ou expressão específica, pois a estética (BELEZA) é valor
(valoração) de caráter subjetivo, temporal, muda conforme a cultura, o tempo, o
lugar, a pessoa, o momento emocional de cada indivíduo, e, portanto, É
CONTROVERSO, tal como prova a dificuldade de se definir o que é uma obra de
arte em si, pois o que é arte para uns, pode não se apresentar esteticamente
como arte para outros indivíduos; razão pela qual a abordagem se circunscreveu
ao âmbito material e de conteúdo das obras em toda a sua extensão e meios de
expressão visando atender principalmente ao pensamento do universo jurídico,
científico, amplo, geral e irrestrito, que é aplicável a todos os países e
povos.
Exemplo disso, especialmente para quem trabalha com pintura acadêmica
(paisagens, flores, etc.: tem-se que uma CÓPIA, por ser em si uma cópia, uma
reprodução de um trabalho/imagem anterior já criado, às vezes criado até pela
natureza, não é algo ORIGINAL (NÃO É FRUTO DA INTELIGÊNCIA, DA IMAGINAÇÃO, DA
CRIAÇÃO, DA TRANSFORMAÇÃO HUMANA), embora se possa até determinar que essa
cópia seja AUTÊNTICA na medida em que se possa determinar quem seja o
pai/criador da referida cópia, tal como acontecem nas pinturas de Van Gogh, de
Tarsila do Amaral, Michelangelo, etc..
Trabalho ORIGINAL é de quem fez, criou, gravou, pintou, escreveu PELA PRIMEIRA
VEZ NA HISTÓRIA HUMANA um determinado trabalho utilizando materiais
específicos, materiais NOVOS, MATERAIS NÃO UTILIZADOS AINDA PARA AQUELE TIPO DE
EXPRESSÃO ARTÍSTICA, e retratou aquela expressão, aquele olhar, aquele tipo de
emoção plástica, usando os materiais até inéditos para compor sua criação. E
partindo dessa ótica, são os primeiros pintores de afrescos, são os pintores
das imagens ruprestes das cavernas, os primeiros pintores que utilizaram tinta
acrílica, os primeiros escultores que utilizaram o ferro, o aço, etc.; TODOS do
ponto de vista do MATERIAL INÉDITO na obra, ou do ponto de vista do CONTEÚDO
INÉDITO da obra.
Os demais pintores, escultores, etc. que seguiram trabalhando com as mesmas
técnicas e materiais de artistas antecessores não são mais ORIGINAIS em termos
de materiais, embora seus trabalhos possam ser ainda ORIGINAIS quanto ao
CONTEÚDO AUTÊNTICO, quanto à pincelas, texturas, características pessoais
marcantes que deixaram em suas obras, na medida em que não se nega a autoria de
seus trabalhos, na medida em que se pode afirmar que esses artistas foram os
autores dessas ou daquelas obras. Por exemplo: A Mona Lisa de Da Vinci NÃO é
original em termos MATERIAIS, mas é autêntica em termos de conteúdo; além
disso, também é uma obra autêntica, pois todo mundo sabe que é uma pintura de
Leonardo. E ao mesmo tempo em que esse trabalho é autêntico, é também uma obra
DERIVADA, pois embora o Leonardo não sendo o criador da técnica de pintura
utilizada na Mona Lisa, utilizou uma técnica peculiar, derivada de técnicas já
existentes, e até inovou com aulização de outros materiais.
Daí, finalizando sobre o gráfico tem-se que TUDO que é ORIGINAL também é
AUTÊNTICO, mas nem tudo que é AUTÊNTICO é ORIGINAL, pois tudo que é ORIGINAL
está contido na autenticidade, ou seja, tudo que é original pode ser atribuído
a um determinado artista/criador; já a AUTENTICIDADE de uma obra está na
capacidade de se poder atribuir/afirmar/aferir/certificar (pelos mais variados
meios técnicos e modos) que um determinado trabalho pertence a esse ou aquele
autor, mesmo sem que o trabalho esteja assinado e registrado. ESSES detalhes
parecem complicados, mas não são complicados, e são importantíssimos quando se
lida COM DINHEIRO, COM AVALIAÇÃO DE OBRAS, contrato de compra e venda de obras,
COM HERANÇA, COM EXIBIÇÃO DE IMAGENS, SONS, etc., no universo das artes.
PS. Esse breve artigo é continuidade de reflexão abordada em tese monográfica que se encontra publicado sob o título Autenticidade no Direito Autoral e que pode ser visto no endereço http://antoniomartinsmelo-advogado.blogspot.com.br/2011/05/direito-autoral-autenticidade-de-obras.html
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