Homem
condenado a pena de morte é crucificado na Arábia Saudita
Execuçao
pouco usual acontece em meio a uma crise diplomática com o Canadá, que pediu a libertação
de ativista de direitos humanos presos no país.
O rei Salman, da Arábia
Saudita: país é regido pelas leis islâmicas e a aplicação da pena de morte é
relativamente comum (foto: AFP Photo/HO/SPA)
|
Em
meio a uma crise diplomática com o Canadá — que, na semana passada, pediu a
libertação de ativistas de direitos humanos —, a Arábia Saudita executou por
crucificação um preso condenado à morte nesta quarta-feira (8/8), na cidade
sagrada de Meca.
De
acordo com o portal Aol,
o homem executado é Elias Abulkalaam Jamaleddeen. Nascido em Myanmar, ele foi
acusado pelos crimes de homicídio, roubo e tentativa de estupro. Apesar de a
aplicação da pena de morte ser relativamente comum na Arábia Saudita, a opção
pela crucificação é pouco usual, o que desperta a suspeita de que a ação possa
ter sido um recado ao governo canadense.
Depois
de o país norte-americano ter criticado a repressão contra ativistas de
direitos humanos, a Arábia Saudita expulsou o embaixador canadense em Riade,
congelou as relações comrciais e até disse que remanejaria alunos sauditas que
estivessem estudando em universidades no Canadá.
A
decisão de expulsar o embaixador foi anunciada no último domingo (5/8). Ao
mesmo tempo, o embaixador saudita em Ottawa foi chamado para consultas. O reino
da Arábia Saudita "não aceitará ingerências em seus assuntos
internos", declarou o ministério saudita de Relações Exteriores, depois
que a embaixada do Canadá pediu a libertação de militantes pró-direitos humanos
presos. "O reino anuncia que chama a consultas seu embaixador no
Canadá", informou o ministério saudita.
O
Canadá, por sua vez, demonstrou preocupação com a decisão do país árabe.
"Deixe-me ser muito clara: [...] o Canadá sempre apoiará os direitos
humanos, no Canadá e em todo o mundo, e os direitos das mulheres são direitos
humanos", afirmou a ministra de Relações Exteriores do Canadá, Chrystia
Freeland, na segunda-feira (6/8), durante a abertura de uma conferência sobre
igualdade em Vancouver, uma referência explícita à crise com Riade.
Freeland
já tinha criticado na semana passada a prisão de Samar Badaui e sua mulher
Nasima al Sadah, dois militantes de direitos humanos na Arábia Saudita, e as
últimas vítimas do que a ONG Human Rights Watch chamou de "repressão
governamental sem precedentes contra o movimento dos direitos das mulheres".
"Pedimos
às autoridades sauditas que os libertem imediatamente, assim como a todos os
demais ativistas pacíficos pró-direitos humanos", declarou embaixada na
sexta-feira em um comunicado publicado no Twitter.
Badawi
foi preso na semana passada com a também ativista Nassima al-Sadah, sendo
"as mais recentes vítimas de um cerco governamental sem precedentes sobre
o movimento de direitos das mulheres", informou o grupo de defesa de
direitos humanos Human Rights Watch.
As
detenções ocorreram semanas depois que uma dezena de ativistas pelos direitos
femininos foram detidas e acusadas de minar a segurança nacional e colaborar
com os inimigos do Estado. Alguns foram libertados desde então.
(Com
informações da Agência France-Presse. Correio Braziliense.08.8.2018)