A construção de uma marca jurídica deve ser o centro da
atenção de um advogado corporativo. É nossa obrigação adquirir o reconhecimento
não apenas interno, mas também diante do conjunto que nos cerca — desde
fornecedores até o mercado segmentado, afinal sabemos das turbulências e
instabilidades no meio jurídico. A onde estaremos daqui a cinco anos? Complexo?
Não para aqueles que planejam estratégias alicerçadas no marketing jurídico. O
problema é que poucos o fazem. Nossa proposta é uma reinvenção da sua marca
pessoal através de três frentes: jurídica, setorial e de produção intelectual
tangíbilizada. Enfim, tornar-se uma referência em uma determinada expertise.
(Logotipo Profissional. Concepção do artista Ton MarMel. 2015) |
Enquanto os advogados de bancas convencionais trabalham o marketing
jurídico, parece que existe uma bolha da invisibilidade sufocando os advogados
corporativos. Um preço que se paga caro demais no futuro.
Quando estamos em meio a processos inovadores da empresa, empolgados e nos
doando ao máximo, percebemos a carreira somente internamente. Mas tudo muda e
você sabe disso! Existem estudos mostrando que, em menos de seis meses depois
de uma empresa, quase ninguém mais realmente fará algo por você. Maldade? Não.
Simplesmente você não faz mais parte do sistema no qual estão inseridos.
Sem a construção da sua marca, sua
marca, sua herança intelectual e profissional deixa de existir, pois aquilo que
realizou como profissional foi absorvido completamente pela organização em que
atua, caminhando diretamente ao esquecimento. E isso atinge qualquer posição
hierárquica — do estagiário ao superintendente jurídico.
Conhecimento é poder; mas somente se transformado em reputação e em uma
marca jurídica sólida. A verdadeira luta é estar sempre entre os três melhores
de uma determina da
categoria segmentada. Se estou no ramo de indústria farmacêutica, minha
marca jurídica deve ter forte alicerce entre os formadores de opinião. Ser
reconhecido e respeitado, para tornar-se uma referência. É preciso tangibilizar
o conhecimento de maneira a ser encontrado e lembrado. Isso pode ser feito
através da publicação de artigos, ministrar palestras, alimentar um blog
setorial ou contratar uma assessoria de imprensa, por exemplo.
O sucesso é determinado pela frequência na qual você consegue se expor de
maneira correta e ética. Separe 30 minutos por dia para sua carreira, duas a
três vezes por semana e chegará a 120 horas em um ano para estudar e produzir
questões que impactem a carreira pessoal.
Existem teorias para demonstrar que o alcance máximo que possuímos enquanto
seres comunicantes passivos é de 150 pessoas. Esse é o número daqueles que
realmente retém informações preciosa a nosso respeito. Porém, ao adotarmos uma
política ativa de marketing jurídico, nossos contatos aumentam significativamente.
É a mudança de quem você conhece, para quem conhece você. E isto vai significar
segurança profissional, além de direcionar essa expertise.
Ainda existem aqueles que se recusam a dar palestras, produzir artigos,
pensar em livros, dar entrevistas e construir uma base pensada de contatos. São
os mesmos que acreditam que as redes sociais são uma perda de tempo. Isso
ocorre pois a fotografia do instante está maravilhosa. Porém, a empresa é um
organismo vivo, que se movimenta com velocidade perante mercados competitivos e
nos devoram quando menos esperamos. Ela nos consome. Nada disso mudará. O que
realmente terá de ser geneticamente alterado é a nossa postura perante a esses
sinais.
Temos que nos doar para a organização que paga nossos salários? É obvio que
sim. Mas simultaneamente cuidar da carreira. É o fortalecimento da imagem do
advogado que permitirá uma amplitude maior de possibilidades para atrair novos
clientes, conseguir o respeito dos colegas e consequentemente a tão desejada
reputação.
A construção de uma marca pessoal duradoura deve ser entendida como um
projeto de longa duração. Muitos ainda vivem apenas o presente, esquecendo que
os sonhos são inexplicavelmente substituídos pela tragédia do dia a dia.
Reprograme seus sonhos através de perguntas como; quais as minhas metas? O que
necessito para cumpri-las? Quais os resultados esperados? Qual o meu
posicionamento no mercado?
(Rodrigo Bertozzi e Lara Selem.
Jornal Correio Braziliense. Revista Direito e Justiça, pág. 4, de 24.11.2014)
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